Balaque é o rei moabita que, temendo um ataque por parte do povo israelita, contrata Balaão, profeta mercenário, para amaldiçoa-lo. Essa narrativa é apresentada no Antigo Testamento, livro de Números, capítulos 22-24. Após três tentativas frustradas, Balaão assevera a Balaque que o povo de Deus não podia ser amaldiçoado contra a vontade divina.
Com atenção, tiramos algumas lições desses capítulos. Uma delas é que a avareza (amor ao dinheiro e uma das formas mais comuns de idolatria), exerce grande influência e encanto em nós, seres humanos, a ponto de excluirmos o direcionamento divino de nossos planos e decisões, fixando nossos olhos apenas nos resultados que buscamos alcançar, independente do que tenhamos que fazer para isso. Balaão, apesar de perceber que Deus era com os israelitas, insistentemente buscava fazê-Lo mudar de opinião, através dos sacrifícios que Lhe oferecia; contudo, veio a perceber que nada do que fizesse alteraria Sua já manifesta vontade. A obediência a Deus, ainda que nos contrarie e faça sofrer continua sendo essencial àqueles que desejam maior intimidade com Ele.
Apesar de Balaão possuir comportamento ímpio e pecaminoso, facilmente evidenciado por suas práticas de vidência, magia e adivinhações, queria se passar por pessoa humilde e piedosa almejando, no fim de sua vida, a mesma morte dos justos que havia entre o povo de Israel (Nm 23.10). Verificamos que ele constata serem os israelitas um povo separado, diferente de quaisquer outras nações (Nm 23.9), apartados do sistema mundial de valores e protegidos por Deus (Nm 23.21-22). Balaão evidencia que o povo escolhido, além da proteção, usufruía da generosidade de Deus, que os faria prosperar apesar das dificuldades (Nm 23.23-24). Tal apavorou a Balaque que rogava a Balaão se não pudesse amaldiçoar o povo, ao menos não o abençoasse (Nm 23.25).
Hoje em dia, ainda existem milhares de Balaques e Balaãos. Uns pagando por encantamentos e outros se dispondo a realiza-los; usando sua boca para profetizar maldições. Recentemente, ouvi de uma irmã acerca de um pregador que, vindo de outro estado para ministrar em nossa comarca, sugeriu fossem realizadas algumas magias ao final dos cultos para entretenimento e captação da atenção dos participantes visando prolongar os dias de campanha e sua estadia na cidade. Foi um choque; mas não deveria, pois quem age como Balaque, convidando falsos profetas para pregar, deveria supor que os serviços de Balaão não são gratuitos e possuem um custo que deverá ser suportado, infelizmente, por toda a igreja.
Oro para que o povo de Deus não venha a perecer por falta de conhecimento da Palavra viva que liberta e transforma. E que lições como as ensinadas pelo exemplo de Balaque e Balaão possam ser assimiladas por todos aqueles que se consideram verdadeiros servos de Yahweh.
Maria Regina Canhos é escritora – E.mail: [email protected]