Levando conhecimento a uma das regiões mais remotas do estado, o professor Osvaldino Santos Silva, de 35 anos, enfrenta uma jornada de 24 horas de barco pelo rio Amazonas para ensinar francês na Escola Estadual Benevenuto Soares Rodrigues, localizada na comunidade Freguesia do Bailique, em Macapá. Seu trabalho reforça o poder transformador da educação, mesmo em locais de difícil acesso.
Formado em Letras – Francês e especialista em Administração, Supervisão e Orientação Escolar, Osvaldino viu no ensino uma oportunidade de inovar na forma de ensinar o idioma. Seu interesse pela língua começou ainda no ensino médio, no Centro Danielle Mitterrand, e, anos depois, ele tornou-se professor na rede pública.
Mesmo diante dos desafios de locomoção até o Bailique, o educador acredita que a educação pode abrir novas oportunidades para seus alunos.
"O que me motiva é a missão de levar conhecimento a comunidades distantes e contribuir para a formação dos alunos. Fico grato pelo Governo do Estado incluir essa disciplina na rede pública", afirma o professor.
Para tornar o aprendizado mais acessível e dinâmico, Osvaldino criou o projeto “Apresente-se: diálogos audiovisuais de iniciação ao estudo da Língua Francesa”. A iniciativa incentiva os alunos a gravarem vídeos se apresentando em francês, utilizando cenários da própria comunidade. Essa abordagem tem melhorado a memorização e a fluência dos estudantes, além de aumentar o interesse pela disciplina.
Além do aprendizado do idioma, o projeto também fortalece a autoestima dos alunos. O professor lembra o caso de uma estudante extremamente tímida que, no início, tinha dificuldades para se expressar. Com a prática dos vídeos, ela ganhou mais confiança e, ao final do módulo, se tornou uma pessoa mais segura e comunicativa.
O impacto do trabalho rendeu a Osvaldino o prêmio "Juventude que Muda a Educação Pública", da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como destaque da Região Norte. Com a premiação, ele participará do Encontro Pré-Congressual da Juventude, em Recife, nos dias 17 e 18 de julho, onde apresentará os resultados do projeto.
A importância do ensino da língua francesa no Amapá é reforçada pela proximidade com a Guiana Francesa. Muitos estudantes já possuem contato indireto com o idioma por meio de familiares ou conhecidos que vivem no país vizinho.
"Nossa localização geográfica faz do francês um idioma essencial. Ter essa disciplina na rede pública é uma oportunidade valiosa para alunos que, muitas vezes, não teriam condições de pagar um curso. A escola está sendo um espaço de transformação e aprendizado, e isso é magnífico", destaca Osvaldino.
O professor segue determinado a expandir o projeto, incorporando novas tecnologias, músicas e recursos interativos para tornar as aulas ainda mais envolventes. Seu objetivo é ampliar a iniciativa para outras comunidades, fortalecendo a educação pública e incentivando o protagonismo dos estudantes no aprendizado de um novo idioma.