Em um encontro histórico na Aldeia Kuahì, no município de Oiapoque, o governador do Amapá, Clécio Luís, liderou a primeira reunião entre diretores da Petrobras e caciques das etnias Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kalinã e Palikur. Essas etnias representam 71% dos povos originários do estado.
O momento inédito, intermediado pelo governador em respeito aos líderes indígenas das terras Uaçá, Galibi e Juminã, aconteceu na quarta-feira, 2 de julho. O objetivo foi garantir um diálogo franco e direto com os executivos da maior estatal do país, para esclarecer dúvidas sobre os primeiros passos da pesquisa para exploração de petróleo na Costa do Amapá.
"Hoje tivemos mais um encontro histórico com os povos originários de Oiapoque, na Aldeia Kuahi, uma terra sagrada. Foi um momento importante e produtivo, em que diretores da Petrobras puderam ouvir as lideranças indígenas e esclarecer dúvidas sobre a Margem Equatorial. Tenho acompanhado e intermediado esse processo, que está ainda no início, por acreditar que o diálogo direto, verdadeiro e respeitoso é a base de qualquer construção coletiva. É ouvindo, trocando e considerando diferentes perspectivas que conseguimos avançar rumo a uma consulta pública transparente, ética e responsável, etapa essencial antes de qualquer decisão sobre a exploração petrolífera. Precisamos dar todas as garantias para que seja bom, para o Brasil, o Amapá, mas principalmente para os nossos povos originários", enfatizou o governador Clécio Luís.
A construção dos diálogos pelo Governo do Estado, para garantir que os povos que vivem nas aldeias tenham seus direitos respeitados e suas vozes ouvidas sobre a exploração do petróleo na Margem Equatorial, foi elogiada pelo cacique Edimilson Oliveira, coordenador do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO).
"É muito importante este momento, onde estamos sendo ouvidos para que possamos iniciar essa caminhada, alinhados com nossos objetivos, que é a consulta dos povos indígenas, para que todos e a Petrobras possam conhecer nossa realidade e as nossas necessidades também. Agradeço o empenho do governador Clécio, que sempre dialogou com todos nós nas aldeias e em todos os momentos que precisamos, e desta vez não está sendo diferente. Um momento que é histórico", destacou o cacique Edimilson.
Durante o encontro, o diretor executivo da Petrobras, Francisco Verfrut, que chefiou a comitiva de especialistas da petrolífera em Oiapoque, recebeu um exemplar do Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas. Este documento, elaborado por ancestrais e lideranças, apresenta as prioridades que devem ser respeitadas para a garantia dos direitos e das terras dos povos originários.
"É um momento significativo de construção de diálogos, de escutar ativamente os questionamentos e as dúvidas para construir quais soluções a Petrobras pode adotar junto com o Governo, respeitando as comunidades, seus direitos e suas histórias. O mais crucial é garantir que todas as vozes sejam ouvidas, especialmente dos indígenas locais que têm um profundo conhecimento sobre a terra. Devemos nos esforçar continuamente para melhorar a comunicação com essas comunidades e vamos trabalhar para isso. Acredito que essa é uma responsabilidade compartilhada e que, juntos, podemos encontrar soluções que respeitem o meio ambiente e as pessoas", pontuou Francisco Verfrut.
Na reunião, foi firmado o compromisso de criar um Grupo de Trabalho (GT), com representantes dos indígenas, da estatal e do Governo do Amapá, para manter o diálogo constante sobre a Margem Equatorial e aproximar os povos indígenas desse processo.